domingo, 26 de maio de 2013

O Fantasma da Ópera

O famoso Ópera Palais Garnier é um dos edifícios mais extravagantes de Paris, e foi projetado por Charles Garnier   para o Imperador III em meados do século 19.




Fachada do Ópera





Uma particularidade envolveu e dificultou a construção deste majestoso edifício, originando a história do Fantasma da Ópera. Descobriu-se na época  da construção que havia água no subsolo e, durante um ano foi feito o bombeamento 24 horas por dia, mas de nada adiantou.
Justamente por esse fato, o Palais Garnier fica sobre um tanque artificial de água projetado pelo construtor, impedindo que a água se infiltrasse nos alicerces.
Diz a lenda que o desfigurado fantasma desde então assombra o Ópera.



o teto e os camarotes


Um dos magníficos salões do Ópera




Escadaria subindo para os camarotes


O teto no detalhe


 

O teatro fica normalmente aberto ao público,mas se você estiver disposto a pagar, poderá entrar visitar outras áreas como os salões com sua esplêndida decoração e o magnífico salão de baile que é alugado para desfiles de moda e recepções.
Se a platéia estiver aberta, voce poderá ficar em um dos camarotes do grande círculo e se deslumbrar com o famoso lustre e o belo teto pintado por Marc Chagall na década de 60. Porém se não estiver a fim de pagar contemple a grandiosa escadaria com sua profusão e mármores coloridos.
Há uma loja de suvenires no sagão da entrada, e se desejar comprar ingressos, a bilheteria fica à direita.

O Palais Garnier fica aberto diariamente das 09:30 - 12:30 - 14:00 e  às 18:00 horas



segunda-feira, 18 de março de 2013

Um sonho em Paris - Epílogo

  A névoa  do azul




A rua estava tão silenciosa que até a lua resolveu adormecer, então eu parei de caminhar e resolvi passar pela casa dele.  Pensei em ligar para A.C. e logo me arrependi porque eu queria acha-lo... Somente eu!
Meu coração saiu em disparada quando dobrei a esquina sabendo que mais alguns passos eu estaria ali, bem perto dele.
Estanquei e verifiquei se minha mente estava lúcida porque eu não poderia cometer mais erro algum. Respirei fundo até me acalmar e foi aí que eu percebi, na pequena janela do porão, um fio de luz que tremeluzia invadindo calçada e meus pés.
Observei rapidamente esquinas, casas, árvores, jardins... E tudo ao redor parecia mortificado.
Então, pé ante pé, me aproximei da portinhola encostando meu ouvido só pra saber ser a nossa música enchia o ambiente. Quem sabe meu coração se aquietaria e tudo ficaria igual como sempre foi... Mesmo porque eu já tinha me acostumado, e eu o amava!
Nada ouvi...
Fiquei estremecida, mas ao mesmo tempo a coragem disse ao pé do ouvido: _”bata na porta”!
Oh, a porta... Tão judiada pelo tempo, mas podia-se (ainda) ver os veios da madeira e a tinta azul descascada revelando segredos. Os nossos segredos!
Sem demora bati, mas nem foi preciso usar de força porque estava encostada. Com a maçaneta entre meus dedos eu finalmente abri, entrando cautelosamente.
O abandono e o silêncio recepcionaram-me de modo cruel enquanto eu procurava (ansiosa) por Apolinário.
Sobre a mesa o velho bule de esmalte marrom, rodeado por duas canecas de uma louça surrada e lascada. O chão estava recoberto de velhos papéis espalhados de forma brutal. Alguns rasgados, outros amassados e pisoteados. Na antiga poltrona azulada avistei seu casaco e cachecol e logo um pensamento (breve)- trouxe algum alento ao meu coração aflito achando que ele estaria por perto. Entretanto nem seu cheiro mais residia no local.
Nas paredes havia muitas folhas de papel desenhadas num rabisco desesperado a figura de uma mulher. Senti-me como num redemoinho sem fim quando me dei conta que em toda volta do porão - pelas paredes - os desenhos continuavam.
Era um rosto sutil, de formas bem delineadas. O queixo proeminente ressaltava os lábios de carmim. O nariz perfilado e pequeno evidenciava um arrebitado charmoso. Nos olhos trazia todo o desejo dos mares, em vagalhões que ia de um azul carbono até o violeta. Os cabelos estavam soltos e os cachos acobreados nas pontas, desciam sobre os seios envolvidos por um decote atrevido no entalhe perfeito das curvas, que se escondiam sob um tubinho cor de anil.
Quando desci meus olhos para enfim terminar aquela mulher fatal, vi  finalmente os sapatos. Eram azuis!  Oh céus... Nenhuma novidade para mim!
Adentrei mais a fundo naquele emaranhado de ilusões  e fui até seu armário que ficava do lado oposto à pequena janela. Abri sofregamente a porta e me deparei com um calendário todo amarelado, que exibia algumas queimaduras semelhantes à ponta de cigarros. Estava meio escuro ali, então o arranquei com alguma fúria, levando perto da lamparina e lá eu pude ver ela - Sue a mulher azul!
 Oh... Fiquei sem forças e vi que meus joelhos dobravam-se e minha visão estava ficando turva e  por um momento deixei-me cair na poltrona... Para logo em seguida, num gesto brutal, ferir aquela folha com meu olhar de adrenalina.
Olhei bem para a mulher estampada ali e ela era igualzinha ao desenho da parede. De relance percebi ser uma pinup voluptuosa de pernas bem torneadas e dedinho na boca inventando uma Marilyn Monroe.
Meu ódio atiçou-me contra a parede e eu comecei a rabisca-la e foi aí que eu vi entre tantos esboços uma figura da Torre Eiffel com todas as luzes que Paris sempre teve orgulho em exibir, entre outros cantos famosos do fascínio parisiense, e que parecia ter sido colada a pouco.
Embriagada por tanta decepção tropecei em um  manequim despido e amorfo que servia de cabide onde eu vi o sobretudo que ele tanto gostava de ostentar sentindo-se o mais francês dos homens.
Depois de todo esse tormento eu acabei achando sob a mesa um embrulho. Abaixei-me rápido e o abri furiosa...
Era somente um livro de anotações... Na primeira página lia-se:
 G. Apolinário - Professor de Francês e brasileiro de coração
Desaparecido ou possivelmente morto em busca da mulher azul...

 Larguei a caderneta e já sem forças, sentei-me no chão frio e abandonado de humanidades. Lá fora se ouvia uma sirene que foi se aproximando, se aproximando até que o luminoso no alto da ambulância iluminou meu rosto patético.
Saí na disparada. Na calçada encontrei A. C. que chorava copiosamente e quando me viu abraçou-me com pena dizendo:
_ Alline, meu amigo e teu amor foram-se, e com ele um pouco de nós...
_ Como assim A. C. pra onde ele foi? VAMOS, DIGA LOGO!
Sem proferir nenhuma palavra, seus olhos evidenciaram o fato inclinando a cabeça para a ambulância.
 Corri esbaforida...
Estendido feito um boneco de gesso, sobre a maca, vi Apolinário. Seu rosto  mesmo cadavérico exibia um sorriso de felicidade. Na mão direita tinha uma espécie de carta que eu não conseguia distinguir. Gritei  como jamais ninguém ouvira (nem eu própria)...
 Íamos nos casar...
Ao tirar a tal carta de sua mão meus olhos intolerantes leram:

PARA SUE - MEU GRANDE E ÚNICO AMOR. LEVO COMIGO O SOM DO FREVO QUE SAÍA DE TEUS SAPATOS E A CERTEZA DE QUE NO AZUL DO INFINITO TE ENCONTRAREI.

Apolinário foi encontrado morto por inanição no porão onde morava. Rodeado por seus manuscritos em língua francesa e seus livros didáticos os quais eram dedicados a seus alunos.

 

By Lu Cavichioli



Nota da Autora:

 

*Esta série tem como base a releitura de um conto de Roberto Drummond que está contida na coletânea homônima que tem por título A Morte de D. J. em Paris.

Nesta série eu retrato a história de um professor de Frances que sonha com uma mulher azul e que alimenta a possibilidade de um dia se encontrar com ela na cidade-luz

Estrelando como personagens:

G. Apolinário

 D. J. (criação de Roberto Drummond)

A. C. (amigo/irmão)

Marina (irmã de G. Apolinário)

Alline (sua noiva)

Sue ( *mulher azul)

*Termo criado por Roberto Drummond

 

 

 


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sue e O Segredo Azul

Revelações:



__Bom dia ma Cher! Vi quando saiu da hospedaria, por acaso é amiga de Apolinário?
Antes de responder olhei aquela mulher que surgiu do nada. Finamente vestida com um tubinho de cor anil que, misteriosamente se escondia sob um casaco de tweed azul royal. Seus olhos negros e bem delineados pela maquiagem sorriam e sua boca em flor gardênia balbuciava em francês pequenos sons que eu, nem de longe entenderia. Junto ao peito, abrigava um pacote envolvido em papel de seda perolado e, ela toda exalava uma aura musical inebriante. Suspirei e cai na real respondendo:
__Sim, sou amiga dele... E você quem é?
__Não importa muito quem eu seja (agora) meu bem, mas posso lhe adiantar que conheci a fundo seu amigo.
__É mesmo, e como se chama?
__Me chamam de Sue...

Começou a nevar e eu a convidei para um café, assim poderia sondar e, quem sabe, achar o fio da meada dessa história toda.
Ela sem demora aceitou. Minha curiosidade começou a dar sinais e eu sem disfarçar iniciei uma perseguição, com meu olhar, para aquele embrulho que ela (ainda) mantinha no peito, abrigado por mãos alvas com dedos finos e bem torneados, emoldurando unhas de um vermelho vulcânico.

Enquanto caminhávamos, eu lembrei dos sapatos que Apolinário comentou –aqueles que tocavam música e sem demora olhei disfarçadamente nos pés dela.
Usava no momento um srcapin azul noite em verniz com salto agulha de uns 12cm mais ou menos. Talvez ele tocasse algo para mim... (céus, eu deveria estar ficando maluca).

Ao atravessarmos a rua vimos o Boulevard Bazart Café, um bistrô super charmoso, com a fachada em madeira acastanhada, com várias gaiolas floridas exibindo pássaros ornamentais, que de longe pareciam artificiais(e eram).

As janelas eram adornadas com floreiras que davam um toque angelical à calçada de lajotas brilhantes em branco e marfim. Entramos rapidamente.
De ambiente acolhedor e refinado, o bistrô servia refeições rápidas e algumas opções de café e chás que se completavam com muitas gostosuras como biscoitos amanteigados, croissants, geléias e toda sorte de guloseimas.

Escolhemos uma mesa encostada na parede, no corredor lateral, bem sob uma arandela em formato de borboleta que para meu contentamento estava acesa e brilhante.
Antes de sentar, aquela mulher exuberante, retirou o casaco revelando um corpo escultural, e quase todo o restaurante parou pra olhar. Eu me sentia o próprio patinho feio.

Delicadamente ela colocou o embrulho na mesa e sobre ele sua carteira.
Eu não me contive e num ímpeto perguntei:
__Desculpe, mas o que leva nesse embrulho?
__Ah, o embrulho? Não se preocupe querida, logo vai saber. Ele faz parte de nossa conversa. Mas antes vou fazer meu pedido.

Cocei a nuca olhando em redor e logo vi o garçon aproximando-se e então desconversei.
__Ahm, está bem... Vamos pedir então.
Nesse meio tempo eu não tirava os olhos dela, tentando adivinhar respostas aos questionamentos internos de uma jornalista até que eu disse:
__Você é brasileira, estou certa? Fala muito bem a minha língua.
__Oui ma Cher! Estou aqui porque tornei-me parte de Paris.

... Que resposta convincente, (pensei já meio cansada de bancar a boa moça) – aquelas educadas e gentis. Ahh, você faz parte de Paris?! Interessante... Mas nada revelador, minha cara. Chega de rodeios e vamos aos finalmente.
Nesse momento meus olhos lançaram farpas sobre ela e eu então mostrei que Alline era também um mulherão e que sabia muito bem o que queria e porque estava ali.
Oh, cherry, se aquiete, agora que Apolinário sumiu posso respirar aliviada e voltar a ser o que realmente sou.

Depois dessa revelação eu queria mesmo é estar deitada em minha cama, no meu apartamento, no Brasil. Onde da janela eu pudesse avistar o pedacinho de céu que Tom Jobim recortou e colou em sua música. Perguntando (revoltada), o que ganharia estando em Paris, coberta de neve, num bistrô qualquer com uma mulher saída de uma revista em quadrinhos?!

Em meio à toda comilança, de repente, Sue pega o embrulho. Abre , entregando-me. Precisei de um gole d’água quando vi o que era. Ela olhou, sorrindo __ eis aí todas as respostas mademoiselle. Fique com meu cartão. Qualquer dúvida é só me telefonar.
Deixou alguns francos para saldar a conta, beijou-me na testa e saiu.






domingo, 17 de fevereiro de 2013

Um sonho em Paris: Revelações Alucinantes



Depois de uma noite sem pregar os olhos, minha cabeça doía e meu corpo atirado na cama pedia massagem e um banho relaxante. Meu quarto, ainda na penumbra, revelava um fio de claridade através da persiana. Lembrei do relatório, balancei a cabeça resolvendo que naquela noite (sem falta) contaria tudo (em detalhes) para A. C.

Entrei no banheiro e levei um susto ao ver-me no espelho. Cabelos desgrenhados, pele amassada e olhos pesados compunham minha figura patética emoldurada no pequeno armário de madeira branca – que horror!
Sem demora, entrei na banheira e esqueci um pouco que o mundo continuava do lado de fora, mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu teria que reencontrar D. J. Ou G. Apolinário, seja lá que nome fosse.

Tomei o desjejum e saí rumo ao endereço que A. C. apontara e que (assustadoramente), era o mesmo do homem que encontrei na cafeteria.
Quando lá cheguei avistei um prédio de quatro andares com uma escada de incêndio na lateral envolvida por trepadeiras enregeladas pela neve da madrugada. Olhei de cima a baixo contorcendo os lábios e revirando os olhos, espantada com a visão. Era um pardieiro composto por sacadas com varais repletos de trapos, plantas mortas e lâmpadas quebradas. A construção antiga mostrava sinais de rachadura e pequenos orifícios nas paredes revelando os tijolos. A pintura judiada exibia ainda os tons de um azul desbotado e manchado. Na entrada, lia-se: LAFAYETTE HALL – ALUGAM-SE QUARTOS.

Subi alguns degraus, desviando das imperfeições e toquei a campainha. A porta abriu surgindo uma figura franzina , de cabelos ruivos arrepiados e fixados por um gel mal cheiroso. Sua boca me fez lembrar das dançarinas do moulin rouge, e no pescoço trazia uma gargantilha preta acetinada.. Usava no momento um robby alaranjado, e nos pés uma pantufa roxa de gatinhos. Os olhos cansados e ainda manchados pela maquiagem sonolenta e para culminar a cena, disse-me num tom afeminado:

__ Ai meus sais... O que deseja cherry? Pigarreando joguei a franja para trás, respirei fundo dizendo:
__hã, bom dia, estou a procura de uma pessoa, posso entrar?
__Oui mademoiselle.

Um cheiro acre invadiu minhas narinas e eu tive náusea, mas continuei: ___ por favor, eu procuro um homem alto, louro, chamado G. Apolinário.
__QUEM???

Pelo visto aquela criatura tresloucada não tinha entendido nada até agora. Então eu repeti a pergunta fornecendo mais informações:__ele leciona francês e é brasileiro.
Oh, me oui – l’brasilien... Encerrou a conta e foi embora bem cedo.
EMBORA?
Oui!
__Não disse pra onde?

Ouvi uma gargalhada abusada seguida de um girar de cabeça olhando com desdém... – Mademoiselle, monsier D. J. ou A.G. como queira, seguiu viagem para seu país – suponho.

Boquiaberta, me despedi e saí sem rumo, cambaleante e desorientada quando senti em meu ombro que alguém me chamava com um toque fino e elegante. Me virei e vi uma mulher deslumbrante, que sorriu-me dizendo (...)

By Lu C.





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Andarilho do Frio - ato III



REVELAÇÃO DUVIDOSA

(...) Ele chegou tão rápido perto de mim que nem tive tempo de esboçar alguma reação. Olhou bem fundo em meus olhos e, num tom cordial, pediu para sentar-se comigo:
__ pardon mademoiselle
__ Oui monsier... est-ce que... pardon ...( eu não conseguia terminar a frase), foi quando...
__ poupe seu frances claudicante mademoiselle. Eu falo português.
Achei aquele comentário tão arrogante quanto seu modo de olhar meus sapatos e todo o resto que compunha meu figurino.
Quebrando o gelo fui logo dizendo:
__ Oh, sim o que deseja?
__ Apenas uma companhia feminina. Pena que você não seja azul.
Esse comentário me fez desejar que A.C (vulgo Carrilho) estivesse comigo. Mas antes eu precisava ter certeza de que era mesmo nosso homem.
_Mas o que disse mesmo sobre eu não ser azul- Não entendi?!

__Ora ora, minha cara, deixa pra lá – dizendo isso desviou seu olhar novamente para meus pés.
Aquilo me irritou de tal maneira que ameacei levantar-me, franzindo o cenho e acabei perguntando:
__O que há de errado com meus pés, senhor?
__Oh, nada ma cher, apenas desconfio que seus sapatos toquem frevo, não?
__??? FREVO? COMO ASSIM?

Coloquei a bolsa no ombro e meu corpo foi revelando uma saída iminente. Então aquele homem segurou meu braço e eu estremeci de pavor. Aqueles olhos de violetas invadiram minha mente e num furor quase esquizofrênico o empurrei.

-Oh, pardon mademoiselle, não pretendia assustá-la.
_Afinal, quem é o senhor e o que quer comigo?

Já respondi a essa pergunta. Mas reitero a resposta e digo mais, COMPANHIA CHEIRANDO A ROSAS- me entende não?

_Dizendo isso pediu que eu me sentasse e com a delicadeza de um gentleman, colocou sua mão em meu ombro fazendo-me baixar na cadeira sutilmente.
Ele sabia ser gentil e ameaçador ao mesmo tempo, e logo perguntou:
O que faz em Paris? Trabalho ou passeio?

Olhei-o de cima abaixo e disse que não era de sua conta... Depois baixei meus olhos mudando o tom de voz.
_... É que... Senhor desculpe, mas acho que pode me ajudar a encontrar este endereço. Ele olhou desconfiado rindo cinicamente. Foi quando me disse que coincidentemente era seu endereço.

Gelei por inteiro, mas tentei desconversar.
Qual é o seu nome senhor?

_Meu nome? Oh, tenho vários nomes sou muitos homens dentro deste que vê. Sou conhecido pelo nome de Apolinário, mas atento verdadeiramente por D. J. e sou mestre em francês.
FIQUEI PERPLEXA!

Pigarreando, eu disse: - Ah muito prazer senhor. Estendendo a mão apresentei-me.
_Sou Aline Medeiros de Albuquerque, jornalista e redatora. Estou em Paris a passeio.
_Hum... Muito bem Aline, deixe-me ser seu cicerone. Amanhã poderemos passear pelos pontos turísticos da cidade, o que acha?

Aquele convite era tudo o que eu esperava. Despedimo-nos e fui imediatamente para o meu hotel. Assim que cheguei liguei imediatamente para A.C
Alô -
_ Encontrei G. Apolinário ( pelo menos eu tive essa impressão)
Em breve envio por e-mail os relatórios.
(...) continua

by Lu C.







sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Andarilho do Frio (Cena II)

O Encontro



(...) entrei rapidamente e fui sentar-me em uma das mesas do fundo onde eu podia ver ao longe o arco do triunfo e suas inúmeras luzes.
Respirei aliviada quando o vulto de capuz passou batido pela portaria do café – ufa! Sem demora pedi um capuccino grande com muito creme chantili e um pedaço de torta de suspiro com creme.
Enquanto esperava aproveitei para dar uma olhada geral em redor. O ambiente era composto por um balcão em granito mesclado em tons grená e bege com designer e bordas redondas e em toda a volta via-se banquetas laminadas em tom dourado com assentos em carmim.
O piso era quadriculado de vermelho e branco e nas paredes, obras que retratavam a Paris dos anos 30.
Do lado oposto de onde eu estava vi uma escada em espiral que levava ao bar no primeiro andar, que estava apinhado de estudantes barulhentos e desvairados.

As mesas que compunham o andar térreo eram de madeira patinada com toalhas bordadas em macramê em tom pastel, e no centro pequenas luminárias alaranjadas. As janelas eram arqueadas em abóbodas com vitrais coloridos que, naquela noite, bailavam com a neve.

Nesse instante comecei a revirar minha bolsa procurando meu celular. Eu precisava avisar Carrilho que já estava em Paris e logo mais iria a procura de Apolinário.

Finalmente chegou meu café. Ah, o aroma do Brasil revirava meus olhos. Ao primeiro gole me lambuzei com todo aquele chantili e fui contemplada com a vitrola que começou a tocar F. Comme Femme a pedido de um casal que se aglutinava em beijos na mesa ao lado da minha. Ai que fúria, seria melhor se fossem pra um motel!

Ao primeiro bocado da torta, percebi que adentrou o salão um homem de estatura mediana, mais ou menos 1.80 de altura, olhos azul violetados, cabelos louros até o ombro, finos e escorridos. Trazia na cabeça uma boina de feltro xadrez azul e preta. Seu rosto, retorcido, confundia a expressão, e a barba por fazer conferia-lhe o aspecto devastador das guerras.

Encolhido e com as mãos metidas no bolso do sobretudo sentou-se ligeiro em uma das banquetas pedindo um café e um conhaque. Curiosamente ele me fitou e eu, disfarçadamente desviei meu olhar para os (ainda calientes) beijos do casal vizinho, aproveitando para lamber um restinho de chantili que estava na colher.

Olhei com o canto dos olhos e vi que sofregamente sorvia a bebida.Em seguida, pegou a xícara de café e veio caminhando em minha direção.
TREMI NA BASE!


(...)continua
by Lu Cavichioli